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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

ANDALUZIA




ANDALUZIA

Luzia andava como louca

Atrás do tal grande amor

Ou seria de sua grande dor

Seja lá como for

Andava Luzia...

Fosse noite ou a luz do dia

Ela andava em festas, em velórios

Em cemitérios, cartórios e territórios...

Sempre com o olhar no vazio

Nada fazia Luzia desistir de seu propósito.

Luzia andava e andava

Nenhum obstáculo a cansava

Nem tempestade a detia

E nem do sol se protegia

Nem falta de sapatos, nem olhares ingratos

Nem sede, nem fome, nem taquicardia

Ela apenas seguia a voz que dizia:

Anda Luzia.... e Luzia andava

Diante de nada sucumbia

E assim Luzia mais andava que vivia

O que Luzia ainda não sabia

Não por falta de sabedoria

Talvez ela soubesse e fingia que não via

Era que o seu amor tantas vezes

Já morrera quantos os quilômetros que percorria

E mesmo se soubesse dessa verdade

Acho que nem ligaria, não desistiria

Apenas  andava tanto quanto seu coração permitia

E sempre quando parava e depois partia nada dizia

Nem tampouco se despedia, nem ligava aos que lhe olhavam em demasia

Tentando lhe dizer coisas que ela não queria ou aos apelos inglórios de arrelia:

Para de andar Luzia, então ela abria a porta, saía e num rompante se virava e sorria...

Como se o sorriso fosse um açoite que reluzia no andar foice de Luzia. 


quarta-feira, 27 de março de 2013

RETALHOS DE ONTEM

Hoje eu não sou mesmo de ontem
Nem o de antes de ontem
E diante de mim eu vejo um outro ser
Um reflexo sem nexo em espelho de estanho
A levantar voo num sobressalto
A se afastar de modo estranho
Que pareceu ser pra sempre.

Daí eu te chamo e não ecoa
Enquanto tudo que sinto por ti destoa
E num instante me pego a toa
Então uma dor pungente que ressoa
Transmuta o que há de melhor no meu eu
Numa criatura sombria que nada perdoa.