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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

OLHANDO A CHUVA PELA JANELA


Em algum lugar longe daqui

Deve existir o inimaginável

Eu sei que há, tem que haver

Existe o que nunca verei

Existe o que jamais terei

Existe o que ainda não saboreei

Existem passos calmos e cautelosos

Existem vozes mansas e suaves

Existe um paraíso e um oásis

Existem molas para novas engrenagens

Existe alguém de pé no portão

Com os braços abertos e os olhos cheios de paixão.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

"Roda-Viva" Seleta de Poesias Edição Especial 2011



“VELHO LIVRO”


Meu mundo é quadrado
Meu destino é um cubo
Meu caminho um triângulo
Meus dias um círculo
Minha vida uma espiral
Minhas noites uma elipse
Meus amores um polígono
Sem retas paralelas
Sem linhas perpendiculares
Sem curvas tangenciais
Sem partes congruentes
Sem peças convergentes
Sem arestas que se encaixam
Apenas com encaixes divergentes
E equações nada condizentes
Com os enunciados propostos
E o gabarito para conferir
No final daquele velho livro
Ao qual o tempo folheia diariamente.

Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Volume 81


“CIA LTDA.“

Com o passar do tempo
Eu fui vendo lentamente
Ou melhor, fui forçado
A acreditar que nada fica
Nem se faz, tão pouco se refaz
E a gente tem de encarar
Que sempre só está
E embora se queira muito
Viajar na utopia de uma companhia
Acaba-se certamente dando de
Encontro ao abandono, ao
Errôneo e enfadonho desassossego
Da enorme falta que fica
Quando se percebe que as
Coisas se vão, os sentimentos
Se dissipam e as pessoas são
Como paisagens que a gente
Vê passando pela janela ao
Se fazer uma longa viagem;
Essa viagem é como se fosse
Nossa própria vida e com os anos
As lembranças vão ficando
Mais e mais assustadoramente
Distantes da mente, do corpo,
Do espírito e do coração, daí
Vem o vazio inerente a qualquer ente
Todos sinônimos de amor ausente.