Hoje eu não sou mesmo de ontem
Nem o de antes de ontem
E diante de mim eu vejo um outro
ser
Um reflexo sem nexo em espelho de
estanho
A levantar voo num sobressalto
A se afastar de modo estranho
Que pareceu ser pra sempre.
Daí eu te chamo e não ecoa
Enquanto tudo que sinto por ti
destoa
E num instante me pego a toa
Então uma dor pungente que ressoa
Transmuta o que há de melhor no meu
eu
Numa criatura sombria que nada perdoa.